TÉCNICAS DE CONTROLO DA COMUNICAÇÃO
O que é que ganharias em te comportares de uma forma mais
assertiva?
A assertividade é uma
escolha. Da mesma forma que determinada pessoa aprende a comporta-se de forma
não assertiva, pode aprender um conjunto de competências que lhe permitem
comportar-se com uma maior assertividade.
Que vantagens tem em fazê-lo?
A resposta a esta
questão pode ser dada, em primeiro lugar, pela análise das consequências de
cada tipo de comportamento. É importante não esquecer que os comportamentos que
temos não ocorrem num vácuo – eles repercutem sobre a pessoa que os tem e sobre
aquele que os recebe, quer de forma imediata, quer a longo prazo.
O que acontece é que,
ainda que os comportamentos não assertivos tenham, a curto-prazo algumas
consequências positivas para o próprio (que é, aliás, o que explica que se
mantenham), as suas consequências são, num balanço global, negativas; os
comportamentos assertivos são, por outro lado, quase sempre vantajosos.
Se ainda não estás
convencido, tem em atenção o seguinte: a assertividade, depois de aprendida,
poderá vir a ser mais uma ferramenta, de entre um conjunto de que já dispões.
Nada te obriga a utilizá-la, mas caso ela se venha a revelar necessária, é bom
saber que lá está.
Conhecimento dos próprios direitos
A primeira mudança é
interna, e passa por adquirir conhecimento dos direitos que te assistem (e
igualmente, a cada uma das pessoas que te rodeiam). Uma amostra destes direitos
poderá ser a seguinte:
- Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou do meu estatuto social.
- Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros
- Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.
- Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e de pedir o que quero.
- Eu tenho o direito de dizer não sem me sentir culpado por isso.
- Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém.
- Eu tenho o direito de falar mal do formador.
- Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros.
- Eu tenho o direito de mudar de opinião.
- Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou de tomar uma decisão.
- Eu tenho o direito de dizer «eu não estou a perceber» e pedir que me esclareçam ou ajudem.
- Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado.
- Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objetivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros.
Tem também em conta
algumas coisas que podes estar a dizer a ti próprio e que podem estar a tornar
difícil comportares-te de forma assertiva. Alguns exemplos destes «pensamentos
bloqueadores da assertividade» são os seguintes:
Pensamentos sobre direitos e responsabilidades
- Não tenho o direito de recusar pedidos aos meus amigos.
- Não tenho o direito de fazer pedidos às outras pessoas.
- Não tenho o direito de discordar com os outros, particularmente com a autoridade.
- Não tenho o direito de ficar zangado, particularmente com as pessoas de quem gosto.
Pensamentos sobre a imagem que quero dar de mim
- Tenho que ser amado ou, pelo menos admirado por todos os que me rodeiam.
- Tenho que ser perfeito e nunca cometer erros.
Pensamentos sobre as consequências prováveis do meu
comportamento
- Se eu criticar a pessoa X, coisas terríveis poderão acontecer.
Se algum destes
pensamentos reflete uma crença tua, submete-o a uma análise racional. Isto pode
ser feito quer invertendo as perspetivas das pessoas envolvidas (aquilo que
vale para ti também vale para os outros?), quer procurando factos que o
sustentem ou não (que provas tenho de que isto é verdade?), quer questionando o
seu valor prático (em que é viver de acordo com este pensamento me tem ajudado
até aqui?). Se o pensamento não sobreviver a esta análise, então, mais vale
pô-lo de parte...
Em alguns casos contudo,
a análise sugerida não chega para neutralizar estes pensamentos, e eles
continuam a surgir, bloqueando o comportamento assertivo – nestes casos,
considera-se a possibilidade de interromper este pensamento e agir
(assertivamente) como se este não existisse – esta ação pode parecer um tiro no
escuro, mas os resultados vão frequentemente demonstrar por si só, que afinal o
pensamento não se justificava.
O passo seguinte é o de
defender os teus direitos de uma forma a que seja eficaz.
Isto requer a aquisição
e treino de um conjunto de aptidões.
De entre o conjunto de
técnicas, escolhe aquelas que pensas que te serão mais úteis e adapta-as ao teu
estilo pessoal.
Aptidão : Ser Claro, conciso e específico
Como?:
Diz aquilo que queres
realmente dizer, de uma forma o mais direta possível. Se necessário, dá
exemplos que ilustrem aquilo que queres dizer.
Não pressuponhas que a
outra pessoa já sabe o que queres apenas porque tu sugeriste ou deste umas
pistas – ela não sabe ler o teu pensamento.
Não faças prefácios ás
tuas frases ou pedidos com desculpas, justificações ou coisas irrelevantes,
falando muito para dizer pouco – o recetor recebe uma mensagem pouco clara e
pode interpretá-la mal ou interromper-te antes de acabares.
Exemplo:
Em vez de se dizer ao
empregado do cliente:” Desculpe, eu e o seu chefe falámos ao telefone. Ele não
lhe disse nada?”
Dizer: ”Combinei com o
seu chefe que passaria cá para buscar o cheque. Já está pronto?
Aptidão : Usar frases na 1ª pessoa
Como?:
Não há inicio sem o EU –
dizeres «eu» significa que assumes a responsabilidade pelos teus pensamentos,
sentimentos e ações e que não culpas os outros.
Exemplo:
Em vez de «tu
irritas-me», dizer «eu sinto-me irritado»
Em vez de «tem razão»,
dizer «eu concordo»
Em vez «sabe como é,
ninguém consegue decidir sobre estes pontos, não é?», dizer «eu estou a ter
dificuldade em decidir»
Aptidão : Empatia
Como?:
Reconhece o que o
recetor diz sobre a sua situação, dificuldades, sentimentos e opiniões – ele
saberá que tu o estás a ouvir e a prestar atenção ao que é importante para ele,
e isto constrói a compreensão entre os dois.
Exemplo:
A: Pode-me dizer se
consegue entregar a mercadoria para a semana?
B: Tenho pena, mas as
greves dos camionistas estão a dificultar-nos as entregas e pode ser que haja
um atraso.
A: Eu compreendo que lhe
estejam a criar dificuldades (empatia), mas já está atrasado uma semana e eu
gostaria de colocar a mercadoria em produção na Segunda Feira.
Aptidão : Respeitar os outros
Como?:
O outro, tal como tu,
tem uma opinião e sentimentos sobre as situações. Quando criticas alguém ou
rejeitas um pedido, mostra que, longe de ser um ataque pessoal a esse alguém
como um todo, estás a dizer algo de específico ao comportamento/pedido em questão.
Exemplo:
A: «Fico contente por me
receber de uma forma tão simpática, mas será que seria possível não me deixar
tanto tempo à espera. È que a minha volta pelos clientes é grande e aqui
atraso-me sempre. (apreciação seguida de crítica construtiva e pedido de mudança).
Ou
A: «Vamos tomar um copo
depois das sete»
B: «Hoje não posso pois
tenho um cliente na Covilhã, mas gostava de falar um bocado consigo noutro dia.
(rejeita o pedido e mostra apreço quando sugere adiar para outro dia).
Nota Final:
A assertividade não
garante a não ocorrência de conflitos entre duas pessoas; o que acontece é que,
se duas pessoas em desacordo comunicam de forma assertiva, é mais provável que
reconheçam que existe um desacordo e tentem chegar a um compromisso ou, simplesmente,
decidam manter a sua posição respeitando a do outro.
Em todo o caso, tu só és
responsável pelo teu próprio comportamento – se a outra parte do conflito
decidir comportar-se de forma não assertiva, o problema é dela.
Mas Lembrem-se: Simpatia gera simpatia.
Sem comentários:
Enviar um comentário